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Influencie seu líder e avance na sua carreira!

Atualizado: 10 de jul. de 2019


A relação com o superior é a mais crítica de um profissional. Vários estudos indicam que um dos principais motivos dos pedidos de demissão de bons profissionais é a relação conturbada com seu líder direto. Sabemos disso na prática, lidar e conviver com nossos superiores não é fácil.


Qualquer pesquisa rápida indicará muitos estudos que demonstram benefícios e malefícios da liderança. Sou um dos que defendem que a liderança é o fator mais importante nas relações organizacionais.


Esclareço que não falo aqui a partir de um conjunto de entrevistas, mas da minha experiência pessoal de trinta anos em organizações: nada tem o mesmo impacto que um bom ou um mau líder no clima organizacional, na motivação, na produtividade e consequentemente nos resultados. Principalmente na geração de resultados consistentes a longo prazo.


A influência de bons e maus líderes sobre os liderados é inegável e muitos esforços das empresas buscam aprimorar suas lideranças, o que é necessário e imperioso. Mas a maior parte das empresas ainda priorizam técnicas, ferramentas e sistemas, relegando a capacidade de liderança aos próprios líderes: se estes forem bons ok, se não, não.


Como consultor, costumo falar com meus clientes que se eles pretendem investir “x reais” em suas empresas que invistam pelo menos 60/70% na formação de pessoas. E que a maior parte deste total seja aplicada no aprimoramento de suas lideranças.


Entretanto, a maior parte das empresas que conheci priorizavam ferramentas e sistemas e mesmo as que investiam na formação de seus profissionais priorizavam as questões mais imediatas, como as ações relacionadas a qualidade de atendimento a clientes ou a utilização de ferramentas e processos.


São muitos os motivos para isso, mas o fato é que formar bons líderes não é fácil. Não basta ter a consciência dessa necessidade, mas também encontrar o melhor caminho de formação para estas lideranças. Cada fornecedor de soluções vai “vender o seu peixe” e muitas vezes a empresa não se dispõe a contratar um consultor independente para auxiliar nessa decisão.


Independente de como seja o líder, existe um grande espaço de atuação do liderado para melhorar esta relação, mesmo com líderes ruins ou pouco qualificados. Este espaço nem sempre é evidente e é muito pouco comentado na literatura de negócios e nos cursos de formação profissional.


O liderado precisará ser cuidadoso, sutil, discreto, meticuloso e paciente. Este espaço junto ao líder exige habilidades especiais, mas quando bem explorado traz resultados muito significativos. Falo por experiência própria, pois sempre agi assim como liderado e muitas vezes agiram assim comigo como líder. Você tem muito a ganhar das duas formas, como liderado influente e como líder aceitando boas influências.



Líderes influenciam seus liderados mas o sentido inverso também ocorre. Um bom líder é sensível às questões de sua equipe e aceita as influências que recebe como aspectos orientadores de sua liderança. Bons líderes estão antenados aos seus profissionais e respeitam aqueles que sabem ocupar o espaço de influência. Um mau líder também vai ouvir sua equipe, mesmo que por motivações erradas, como a sua insegurança, e também poderá ser influenciado. No caso do mau líder sempre existe maior risco, mas o liderado deve avaliar tudo o que está em jogo e se achar que vale a pena tentar melhorar a situação, deverá seguir em frente.


Este espaço de influência junto ao líder não pode ser ocupado de qualquer maneira. Não dá para ser “à força”, precisa ser ocupado por legitimidade. E a primeira coisa para isso é a confiança.


Você precisa ser um profissional confiável. Isso quer dizer que você cumpre suas funções com excelência, conhece e entende os desafios de seu líder, prioriza os interesses do todo antes dos próprios, é discreto e age com integridade. E é importante dizer: você precisará ser paciente, porque a confiança é construída ao longo do tempo.

Vamos ver estes pontos com maior detalhamento:



Cumprir as funções com excelência


Seu cargo e função definem as suas responsabilidades, atribuições e os resultados que você deve alcançar. Esta é a condição básica para a sua permanência na empresa hoje, com seu salário de hoje. Fazer o que lhe cabe apenas se encaixa no seu salário e ponto. Se você quer ir além, deverá fazer mais ou melhor ou mais “e” melhor.


Deverá sempre procurar fazer mais do que pedem, com melhor qualidade do que é definido e em um prazo menor do que o solicitado. É difícil e muitos não aceitam essa minha posição, o que eu entendo. Mas estou aqui para falar sobre o que de fato funciona na vida profissional, não para afagar o ego de ninguém.


No artigo sobre relação com pares falei das oportunidades de cooperação e como estas são importantes. Fazer mais do que lhe cabe ajudando seus pares fará com que você seja respeitado pela equipe e facilitará para que receba apoios futuros. Fazer mais do que lhe cabe junto ao seu líder lhe trará a possibilidade de destaque e reconhecimento.


Seu trabalho deve ser impecável. Corrija e verifique três ou quatro vezes antes de entregá-lo. Mesmo assim ainda poderá cometer erros e caso aconteça assuma sua responsabilidade imediatamente e providencie a correção o mais rápido possível. Se estiver entregando antes do prazo, terá a vantagem de corrigir antes do momento final de entrega.


Em nenhuma situação, NUNCA, apresente um problema ao seu líder sem que tenha pensado em algumas propostas de solução para este problema. Você pode não ter a solução correta, mas apresentando estas propostas de solução quando apresenta o problema vai demonstrar que teve interesse em buscá-la ou ao menos pensou seriamente a respeito. Isso demonstra senso de responsabilidade.





O leitor pode me achar rigoroso demais ou um chato mesmo, pois estou defendendo que um profissional deve fazer mais do que lhe é estabelecido e entregar acima do que o seu salário remunera. E é isso mesmo. Você só será promovido se provar que pode fazer mais no seu dia a dia. E só ganhará um salário melhor depois que a empresa tiver a certeza de que você merece.


Como disse anteriormente este artigo não se baseia em um estudo ou pesquisa, mas em minha trajetória profissional. Mesmo assim, ouso fazer uma estimativa: menos de 20% das pessoas no ambiente de trabalho agem da forma como estou propondo, atuando níveis acima de suas atribuições e responsabilidades formais. Mas são estas as pessoas que fazem a diferença, carregam o piano e são as primeiras a serem promovidas. E é uma condição básica para ser considerado um profissional confiável.



Conhecer e entender os desafios do seu líder


Seu líder sofre pressões que talvez você não saiba ou perceba. Pense na dificuldade dele: ele também está subordinado a um ou mais líderes, dos quais recebe pressões, tarefas e expectativas. Para atender aos seus trabalhos ele conta com uma ou mais equipes, das quais você faz parte. Seu líder é o responsável pelo trabalho que será feito por outras pessoas, portanto, distante de sua ação direta. E é ele que irá responder por qualquer fracasso, erro e insucesso.


Compreensão é a palavra-chave aqui.

Na maior parte das vezes seu líder está nessa posição por ter alcançado bons resultados operacionais. Também na maior parte das vezes ele recebeu pouca ou nenhuma capacitação específica de liderança. Ele pode ter um talento nato para liderar ou até se esforçar bastante para se capacitar por conta própria, mesmo assim seguirá buscando os melhores resultados cheio de incertezas e de experimentações.


Qualquer líder merece respeito por sua posição. Se ele teve méritos reais para conquistá-la, este respeito é óbvio. Caso ele tenha conquistado a posição por motivos duvidosos, pense que a empresa o promoveu assim mesmo, portanto isso diz muito a respeito da empresa. Mas na maior parte das vezes o que ficamos sabendo são boatos difíceis de comprovar, portanto seja sempre discreto e cuidadoso nas suas interpretações. E respeite a posição de seu líder sempre.


Um bom líder saberá que tem grande responsabilidade pela evolução profissional de cada liderado. Esta responsabilidade pode ser prazerosa para alguns, mas sempre será uma atribuição adicional nas costas do líder. Afinal ele conhece mais a fundo as condições da empresa, seus eventuais desequilíbrios e aspectos mais complexos, como os jogos de poder, relações com stakeholders e outros, que podem influenciar o trabalho, o ambiente e as perspectivas de sucesso de cada profissional. O bom líder ainda enfrentará o desafio de ser transparente com sua equipe resguardando informações e aspectos sigilosos da empresa.


Um mau líder talvez nem se preocupe com a carreira de seus profissionais. Intimamente ele reconhece sua baixa legitimidade e isso gera insegurança, medo de ser desmascarado. Ele sofre as mesmas pressões que o bom líder, mas reage de forma defensiva, procurando se preservar acima de tudo.


A partir do momento que você descobre e entende os desafios de seu líder surgirão oportunidades para que você o ajude. Você poderá se antecipar a situações ou problemas ou trazer algum complemento em suas atividades que o favoreça. Deverá ajudá-lo em seus problemas e isso lhe trará legitimidade junto a ele.





Observar seu líder e compreender seus problemas e pressões lhe trará um importante aprendizado sobre as condições da política na sua organização. A política é a arte de relacionamento entre pessoas em uma organização e todo agrupamento de pessoas exige o alinhamento de interesses e a busca pelo bem comum através da ação política. Como um bom observador você entenderá como as coisas acontecem, como a boa política funciona na organização (e como a má política também). Nunca despreze as ações políticas achando que uma boa proposta se basta em suas qualidades e benefícios. Mesmo as melhores propostas precisarão angariar apoiadores e conciliar interesses.


É importante ressaltar que nada do que digo aqui tem a ver com “puxa-saquismo”. Ajudar legitimamente ao seu líder é ajudar à sua equipe, sua área e sua empresa.

A legitimidade de suas ações é fundamental, claro. Se você pensa que ajudar o seu líder é entregar o seu colega que chega atrasado ou que cometeu erros, esqueça. Você pode até usar as coisas que falo aqui para o mal, não tenho como evitar. Este tipo de influência não traz nada de bom a quem o faz. Uma pessoa má intencionada pode até ganhar algumas batalhas no curto prazo, mas seu líder nunca confiará verdadeiramente num colega que entrega os demais.


Acredito que a maior parte das pessoas são boas e dignas, portanto é a elas que escrevo.

Compreenda as pressões e desafios de seu líder e o ajude. Você vai se destacar assim.


Priorizar interesses globais


É claro que você tem seus interesses pessoais e profissionais. Quer ser promovido, quer aprender mais, ganhar um salário melhor. Você também pode ter amigos em sua equipe e quer o melhor para eles, tudo certo com isso. Mas você deve priorizar os interesses globais, da equipe, área ou da empresa em última instância. Para ficar bem claro: os interesses da empresa estão acima dos demais.


Em alguns momentos da sua vida profissional você poderá se deparar com situações que o melhor para empresa é totalmente contrário ao melhor para a sua carreira. Situações assim são raras, mas podem acontecer. Uma situação dessas pode levar a uma ruptura e talvez obrigue o profissional a buscar novos caminhos.


O que é muito comum é vermos profissionais defendendo posições ou propostas que colocam seus interesses a frente dos demais. Os mais espertos conseguem ser sutis, mas alguns nem se preocupam em disfarçar. Um líder quando percebe esse comportamento em seu liderado passará a desconfiar de todas as suas proposições a partir daí. Vai ser difícil para este profissional conquistar a confiança novamente.





Todas as suas propostas e proposições devem considerar o melhor para a empresa. E quando digo todas, são TODAS.


Todo esforço para melhorar as coisas para os clientes ou para os funcionários devem ter por objetivo melhorar a situação da empresa, mesmo a longo prazo. Todo esforço de inovação deve ter por objetivo melhorar as condições da empresa.


Uma boa proposta é aquela que melhora a situação da empresa, da sua área, da sua equipe e ainda traz benefícios à sua carreira. Lembre-se sempre dessa ordem de prioridades. Você pode e deve ser beneficiado, mas é o último da fila.


Discrição


Quanto mais você se destaca individualmente, mais se envolverá em problemas complexos. Com este envolvimento, terá acesso a informações mais críticas e sigilosas.


Quando você coopera mais a fundo com seus colegas você passa a conhecer melhor suas forças e fraquezas, e acontecerá o mesmo na sua relação com seu líder. Ao aprofundar seu conhecimento sobre os desafios e atribuições que ele enfrenta, saberá mais sobre suas fraquezas e vulnerabilidades.






Nunca comente sobre estes assuntos críticos da empresa ou sobre as vulnerabilidades de seu líder com seus colegas. Qualquer indiscrição da sua parte poderá arruinar a sua credibilidade junto a seu líder e não existe uma segunda chance para a credibilidade profissional. Este é um ponto da maior gravidade e importância, portanto resista à tentação de comentar tais assuntos com seus amigos.


Fuja de comentários irônicos e fofocas. É melhor ser visto como um chato pelos colegas do que desleal pelo seu líder.


Integridade


Agir com integridade é obrigação de qualquer profissional, sempre e em todas as circunstâncias. Meu pai sempre me dizia que não existe pequena ou grande desonestidade, um desonesto é desonesto e ponto final. E eu concordo com isso. Um pequeno erro leva a outro, uma mentira leva à outra. Quanto maior o espaço de influência que você irá exercer maior será a sua responsabilidade pela integridade de suas ações. Quanto maior a influência, maior o poder de dano ou de benefício.



Você pode e deve aproveitar este espaço de influencia junto ao seu líder para a sua carreira, mas deve fazer isso de forma integra. Só assim será legitimo. Deve defender os interesses da empresa, da área e da equipe antes dos seus. Deve pensar no bem maior e ser discreto sempre. E tem mais: o melhor jeito de você ocupar a posição do seu líder é “empurrando” ele para cima. Ajude o seu chefe a ser promovido e você terá a grande chance de ser promovido também. Fazendo isso, você estará sempre bem posicionado para uma promoção, mesmo que seja em outra área.


Ok, eu entendi, mas como devo fazer isso?



Seus comportamentos, atitudes e postura serão fundamentais. Você deverá ser paciente, sutil, cuidadoso e estar sempre atento. O espaço junto à liderança existe, mas não pode ser ocupado de qualquer forma. E tem mais: nem todos de uma equipe poderão ocupá-lo ao mesmo tempo. Apenas os liderados que forem mais assertivos, discretos, cuidadosos e que contribuírem mais para o todo valorizando o seu líder terão mais chances de ocupá-lo.


Espaço de influência junto ao líder não está relacionado ao cargo. Você não precisa ser um profissional sênior para ter influência. Como líder sempre cultivei relações com pessoas de todos os níveis em minhas equipes, no que chamava de meu “círculo de confiança”. Este círculo nunca foi uma estrutura formal, os participantes não sabiam que participavam e nem sabiam quem eram os demais participantes. Eram pessoas das quais eu aceitava e respeitava as influências, exatamente por agirem das formas que descrevi anteriormente. Como líder aprendi e ensinei muito dessa forma. Muitas dessas pessoas tiveram carreiras brilhantes e isso traz uma satisfação especial.



Entre os artigos desta série sobre Dimensões de Expectativas Profissionais, este foi o mais difícil de escrever. As relações que tive com meus líderes estão entre as melhores e as piores de minha carreira. Tive grandes líderes inspiradores que me fizeram crescer muito profissionalmente. Mas tive alguns poucos líderes incompetentes e até safados, que me fizeram atravessar fases terríveis. O tempo curou as minhas feridas, mas não sei se melhorou o caráter destes infelizes.


A vida está longe de ser perfeita ao nosso entendimento, mas graças a Deus tive muito mais apoiadores do que detratores e muito mais líderes inspiradores do que chefes corruptos. As vezes alguns atalhos aparecem em nossas trajetórias, muitas vezes acompanhados de discursos tentadores e até convincentes. Mas nesse momento é importante você ter seus princípios e valores e segui-los, com firmeza. Bons líderes irão te inspirar, mas são os seus valores e princípios que farão com que você siga o seu caminho com integridade e dignidade.


Mais uma vez insisto: sua carreira é sua responsabilidade. Exerça o seu papel.






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