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Decisões definem destinos





Difícil acreditar em predestinação. Não penso que seguimos um caminho inevitável e obrigatório, onde as nossas vitórias e derrotas estejam pré-definidas. São as nossas decisões que definem nossos destinos.


Entretanto acredito que todos temos um papel a cumprir no ciclo da vida e este será realizado de uma forma ou outra. Temos trajetórias distintas mas todas elas unidas e inevitavelmente conectadas acabam por se ajustar ao todo universal eterno.


Parece um tanto hermético, reconheço. Não acredito em destino mas confio em um plano universal que rege e combina todas as vidas livres, definidas por decisões individuais?


Pois é.


Dentro da minha cabeça amalucada tudo se resolve com a dimensão temporal e com o que realmente acredito fazer sentido sob o conceito da eternidade. O eterno está pouco se lixando com os reveses, sucessos e fracassos da vida transitória.


A verdadeira importância para a dimensão em que o tempo não importa não está nas coisas que nos acontecem, mas naquilo em que nos transformamos diante das coisas que nos acontecem.

Ter ou não uma vida plena de riquezas ou de sofrimentos não importa para o universo perpétuo. O que fazemos em relação ao que temos ou sofremos é que pode ter algum valor à plenitude. Se é que algo terá, mas acredito que sim.


Nosso destino não nos condena, temos a liberdade para sermos o que decidirmos ser, desde que aceitemos as exigências, causalidades e consequências das nossas decisões.


Nossa vida poderá ser diferente a cada decisão que tomamos, mas isso não nos liberta das leis universais. A lei da semeadura é uma delas: vamos colher aquilo que plantarmos. Mas uma tempestade sempre poderá se abater sobre a plantação e todas as boas sementes e mudas se perderão.


Se queremos coisas boas devemos semear coisas boas e prever as tempestades, pois elas inevitavelmente cairão sobre as nossas cabeças um dia.


Não existe trabalho sem tomada de decisão. Toda função exige escolhas e todo profissional decide várias vezes ao dia. Algumas decisões nem percebemos, já incorporadas à rotina automática. Mas certas decisões podem mudar o destino do profissional e da empresa, são encruzilhadas que definem novos caminhos.


Na maior parte das vezes percebemos essas encruzilhadas, mesmo sem saber exatamente como serão os caminhos adiante. Noutras vezes, pequenas decisões sucessivas começam a reorientar os caminhos sem que tenhamos a noção exata desse novo rumo. Planos são úteis e necessários, mas nem sempre suficientes. De qualquer forma, a nossa liberdade ao decidir cria um novo destino a frente.


São as decisões tomadas na vida profissional que decidem o sucesso de uma carreira. Uma boa formação ajuda, estar em uma boa empresa também, mas o que conta mesmo são as decisões tomadas dia após dia. Um passo firme de cada vez.


Líderes têm como atividade básica a tomada de decisão. Decidir é a sua função essencial. Um líder que não toma decisões é tão útil quanto um vaso com plantas de plástico na sala. Ocupa espaço e parece vegetação, tem efeito decorativo mas não é nada.


Decidir em grande parte é considerar o imponderável, lidar com as possibilidades e às vezes contra elas. O semeador sabe que a tempestade poderá vir e levar todo o seu trabalho, mas nem por isso pode se recusar a lançar as suas sementes.


Um líder não decide sobre certezas, mas sob um conjunto de incertezas que julga administráveis. Se existe a total certeza sobre um caminho não existe nada a decidir, segui-lo será apenas o fluxo natural das coisas. As organizações precisam de lideres porque sua trajetória é percorrida em um oceano de imensas incertezas e possibilidades, com rotas por vezes delineadas, mas nunca precisas.


Decidir não é fácil, exige coragem, discernimento, determinação, experiência, sabedoria e feeling. Nem todos reúnem tais condições a um nível satisfatório e outros não querem a responsabilidade. Bons líderes assumem o seu dever e combinam todas essas virtudes em suas decisões diárias, simples ou complexas.


Mas acreditem, existem muitos absurdos por aí. Já vi vários “lideres” que nunca ousaram decidir algo mais complexo do que escolher seus almoços. Simplesmente seguiam o fluxo, sem nunca ousar decidir quando a complexidade das situações exigia bagagem e competência. Vistosos vasos de plantas de plástico.


Já há algum tempo reflito sobre a minha trajetória profissional e revejo várias decisões importantes que tomei. Muitas delas foram consistentemente construídas, outras foram abençoadas pela sorte e algumas poucas ainda me assombram, tamanhas as consequências ruins que trouxeram. São estas as que me fazem refletir com maior profundidade. Foram erros na semeadura ou tempestades que devastaram meus campos antes da colheita? Talvez eu tenha subestimado os riscos ou sobrevalorizado meus recursos e capacidades. Difícil ter certeza, mas decerto não posso culpar a falta de sorte e também sempre soube que consequências existiriam. Não nego que a sorte exista, mas esta não pode ser um fundamento para qualquer decisão.


De certa forma a vida pode ser entendida como uma sequencia de decisões. Decisões que criam caminhos novos ou que mostram rotas alternativas. Somos livres para decidir e criar o futuro, bom ou mal, próspero ou miserável. Uma liberdade preciosa mas que não traz nenhuma garantia de sucesso porque alguns caminhos não levam a nada e tempestades sempre acontecerão.


Todas as decisões acumuladas na minha vida me trouxeram ao que sou hoje e a um novo entendimento sobre os meus caminhos. Durante anos plantei feijões para ter colheitas rápidas, mas agora decidi plantar árvores frutíferas, que darão frutos ou não, mas sempre a longo prazo. Decidi que meu destino agora é semear, sem me importar com as colheitas, sabendo das tempestades inevitáveis sobre meus campos plantados. Hoje talvez ainda plante laranjas e maçãs, mas um dia serão tâmaras. Eu finalmente decidi que meu futuro se encontra além da estrada dos tijolos amarelos e serei então mais livre do que jamais fui.

Lidero hoje a construção do meu destino, buscando forças e inspirações. Cora Coralina é uma das pessoas que me mostra caminhos e com ela me despeço.



“Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende!”




William Andreotti Jr.


Escritor, consultor, mentor e produtor de conteúdos sobre Administração, Negócios, Recursos Humanos e Carreiras. Defensor de uma visão humanizada para o mundo dos negócios e carreiras profissionais baseadas em princípios e valores. Às vezes falo sobre a vida e se você se pergunta o que isso tem a ver com trabalho, por favor releia.

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