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DiversIdade, com o segundo "i" maiúsculo mesmo...

Atualizado: 8 de mai. de 2019



Recentemente fiz um post no LinKedin sobre diversidade, que dizia:



Uma das coisas boas na minha vida profissional é que sempre trabalhei em equipes onde a diversidade imperava, desde muito tempo antes desta palavra começar a ser mencionada no meio profissional. Tive colegas, líderes e liderados de todos os tipos imagináveis (com todo respeito à esta expressão). Trabalhei com seres humanos, diversos como própria humanidade é. Nunca enfrentei situações pessoalmente ou em minhas equipes com relação a qualquer coisa que estivesse relacionada a preconceitos. Respeito e competência sempre foram as diretrizes determinantes. Reconheço que fui agraciado por Deus e pelo destino e talvez por isso me pareça tão estranho quando as coisas não aconteçam naturalmente assim.



Fiz este comentário ao ver alguns exemplos propagandeados de adoção de políticas de diversidade como se fosse algo inovador, moderno e digno de destaque. Fiquei muito incomodado, pois não deveria ser assim. Nossa sociedade é tão diversa que a diversidade no ambiente de trabalho deveria ser tão óbvia que nem precisaria ser mencionada.


Mesmo depois de postar, fiquei com o assunto na cabeça. Ainda havia mais a ser dito. Existem vários aspectos da diversidade a serem considerados, mas vou tratar apenas de um neste texto: a diversidade etária como aspecto fundamental de estímulo à inovação, aprendizado, qualidade e produtividade.


Hoje temos muitas formas novas de fazer as coisas. Grande parte destas coisas se referem à problemas, necessidades e desejos típicos do ser humano, que de uma forma ou outra já vinham sendo solucionados e atendidos ao longo do tempo. Existem muitos conhecimentos e experiências que aliados à novas formas de fazer as coisas podem realmente gerar resultados poderosos.


Há uns dias reencontrei duas amigas especiais, Rose Estácio e Nubia Brandão. Trabalhamos juntos há alguns anos em uma instituição que sempre manteve um ambiente de trabalho diversificado em todos os aspectos. Tomamos um café e relembramos coisas do passado, conversamos sobre a vida e nossos tropeços e também sobre novas ideias e projetos. Este encontro despertou a vontade de relatar uma das melhores experiências profissionais que vivi, e a diversidade tem tudo a ver com isso.






Há alguns anos eu era responsável por uma área de negócios naquela instituição. Na época era uma organização vibrante e cheia de energia. A maior parte do atendimento aos clientes era realizada por jovens muito motivados e com boa formação, mas com pouca experiência prática nas realidades de mercado enfrentadas por nossos clientes. Tínhamos que melhorar as soluções que oferecíamos e para isso era necessário conhecer a fundo a realidade destes clientes. Precisávamos sair das recomendações teóricas e genéricas e focar em soluções práticas, realistas e aplicáveis à realidade daqueles que nos procuravam.


Após complicadas negociações, conseguimos validar o projeto e viabilizar o orçamento para contratarmos 35 profissionais experientes, para atuar como consultores e formadores de conteúdo. Queríamos pessoas formadas na prática, com vivência empresarial, que tinham enfrentado diariamente as mesmas necessidades e dificuldades de nossos clientes. Não procurávamos professores nem consultores experientes, mas profissionais mãos na massa, com vivência real nestes negócios. E decidimos buscar profissionais maduros, acima dos quarenta anos, com muito gás e com vontade de ajudar. A maturidade era aspecto favorável e essencial para o candidato, bem diferente do que vemos na maior parte dos processos de seleção de pessoal. Alguns dos candidatos vinham com o peso da recusa de outras vagas pela idade e ficavam surpresos com aquilo que estávamos buscando.


Todo o processo foi incrível desde as primeiras negociações para sua viabilização. A fase de recrutamento e seleção foi bastante trabalhosa, pois tínhamos ótimos candidatos. O grupo de profissionais selecionados era excepcional e comprovou isso desde à sua integração com as equipes até todo o trabalho desenvolvido posteriormente. Ter participado desse esforço e ajudado a criar esta equipe fantástica é uma das maiores realizações da minha carreira. Além dos resultados diretos na melhoria dos serviços e produtos que oferecíamos a nossos clientes, vivenciei os incríveis resultados obtidos na integração da juventude motivada com a maturidade experiente, unidos por um ideal e um profundo desejo de ajudar a quem precisa.


Os resultados foram muito acima do esperado. Melhoramos o atendimento aos clientes, novos produtos foram desenvolvidos e a equipe mais jovem teve a oportunidade de aprender muito em contato com estes profissionais. Os profissionais seniores foram contagiados pela energia da moçada e abraçaram completamente a causa. Vivemos tempos incríveis de inovação continua, produtividade e qualidade crescentes em um ambiente de trabalho transformador e divertido.


Como líder, me senti desafiado. Eu acreditava muito na proposta, mesmo sem perceber então todo o seu alcance. A equipe sênior era mais velha e muito mais experiente do que eu. Eu ficava no meio termo entre a moçada e os seniores. Recebi a confiança dos jovens e o profundo respeito e apoio dos seniores. Aprendi e devo muito a todos e hoje tenho a exata convicção da honra que foi trabalhar com todos eles. Foram tempos de profundo respeito mútuo, dignidade profissional, aprendizado e evolução.


Hoje, passados muitos anos, a equipe já não existe mais, alguns se aposentaram, outros infelizmente já se foram. Tenho contato com vários e sem ter vergonha de ser piegas, trago a todos e aos momentos que vivemos no coração.


Temos tratado muito de diversidade nestes tempos. Como ainda vivemos cercados de preconceitos, é uma discussão legítima e necessária. Além do respeito ao ser humano, a essência do processo de estímulo à diversidade é a combinação de diferentes experiências e realidades para a construção de um resultado que seja maior que a soma das partes e aplicável à nossa sociedade. De todos os critérios de diferenciação de pessoas e combinação de diversidade, a idade é um dos mais importantes pois garante esta combinação preciosa de experiência, motivação, maturidade e juventude.


Hoje faço parte do time dos seniores e posso entender com mais profundidade a experiência que vivemos naquele tempo. As questões que diferenciam profissionais jovens e profissionais maduros são basicamente as mesmas de 20 anos atrás, mas hoje temos uma visão mais livre de preconceitos e barreiras. Penso em como seria viver experiências assim hoje, neste mundo desafiador de startups, múltiplas carreiras e longa sobrevida profissional. Tenho a sensação de que existe uma mina de ouro na combinação de tudo isso, mas que ainda não foi descoberta.


Acho que vale mesmo a pena considerarmos também a diversIdade, escrita com este segundo “i” maiúsculo.



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