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Xô carisma, o que conta mesmo é a empatia!



Pois é leitor, mais um artigo sobre liderança. O tema é tão rico em seus aspectos e fatores relevantes que merece ser tratado de maneira ampla e profunda.


Tenho abordado alguns aspectos em meus textos e neste trago um dos que considero mais relevantes a um líder: a empatia, a capacidade de se identificar com a situação do outro.


A empatia é entender o outro pela forma como ele é e aí está a grande dificuldade. Não é compreender a situação do outro na sua ótica, mas na dele.


Compreender como o outro encara e reage aos seus próprios problemas.


Entender a visão de mundo da outra pessoa pelos seus olhos, escutar os sons pelos seus ouvidos, sentir o aroma ou o fedor pelas suas narinas. Entender o outro como ele é, não como nós seríamos na situação que ele atravessa.


Ter empatia é conseguir se desprender de suas próprias convicções e “vestir” as convicções, certezas e incertezas da outra pessoa. Sair da sua pele e entrar na dela, como se fosse possível abandonar a sua vida por alguns instantes e viver a vida desta outra pessoa.


Um ator despe-se de sua vida e a guarda no camarim. No palco quem está vivo é a personagem. O grande ator compreende a personagem e seu contexto e vive a sua vida (da personagem) durante o tempo da obra em curso.


A empatia é isso.


Empatia não é solidariedade, caridade ou compaixão. Também não é amizade ou amor. Empatia é, acima de tudo, a profunda compreensão do outro na maneira como ele próprio se compreende, vive e reage.


É possível desenvolver a empatia por esforço próprio. Cada adversidade atravessada traz a oportunidade de aprendizado para beneficiarmos outras pessoas que um dia atravessarão as mesmas dificuldades.


A minha carreira profissional foi marcada por várias dificuldades e problemas como todas. De alguma forma consegui aprender com estas situações. Isso me gabaritou a ter uma empatia consistente por outros profissionais quando atravessavam situações similares. Talvez essa capacidade tenha sido uma de minhas qualidades como líder.




O que é um líder extraordinário?


Existem muitas técnicas, ferramentas e metodologias sobre liderança. Você pode ser um ótimo líder se souber usar esses recursos com habilidade e for um cara legal. Mas um líder excepcional tem a empatia como a sua maior habilidade. A importância da empatia supera de longe todas as ferramentas e muitas das outras qualidades necessárias a um bom líder.


Talvez o maior exemplo de uma liderança baseada na empatia seja a de Abraham Lincoln. O grande sofrimento que o acompanhou por praticamente toda a vida o transformou em uma pessoa sensível ao sofrimento e empático com as pessoas, com os escravos, com os pobres, e com os combatentes vencidos e vencedores da terrível guerra de secessão americana. Graças a ele e a seu legado uma nação fragmentada pela morte e violência de uma guerra feroz pôde se reconciliar.


Poucos governantes na história tiveram empatia real pelo seu povo. Alguns talvez tenham conseguido ser empáticos com um ou outro grupo da população. Lincoln conseguiu ser empático a escravos, vencedores e vencidos na guerra, pessoas carentes e políticos. Foi um hábil articulador que não hesitou em exercer sua autoridade quando necessário ao bem comum, não apenas a interesses de segmentos poderosos e influentes.


Talvez hoje Lincoln não fosse eleito. Um bom candidato é mais carismático do que empático e até por isso a chance de se tornar uma frustração é grande.


Há algum tempo a habilidade mais buscada em CEOs e líderes mundo afora era o carisma. As trágicas gestões e péssimos resultados acabaram com essa moda, ainda bem. Algumas empresas ainda cometem esse equívoco, mas na esfera política esse é um grave erro que o marketing eleitoral está longe de resolver.


Ser líder é muitas vezes ter que tomar decisões difíceis. Desagradar interesses em torno do bem comum. E, principalmente, saber qual é esse “bem comum”. Não pela sua ótica, mas pelo ponto de vista daqueles que mais precisam.


Alcançar o equilíbrio entre todos os interessados no ambiente de negócios da empresa (stakeholders na terminologia estratégica) é uma ação diplomática que traz em sua essência a necessidade de compreender os interesses de cada parte e suas próprias considerações a respeito de si e dos demais. Sem uma ampla capacidade de empatia esse jogo não terá bons resultados.


Compreender, atender, recusar, articular, negociar, aceitar, negar. Atividades básicas da liderança que precisam de referenciais sólidos para que a ação aconteça. Formação, métodos, capacitações, fórmulas, inteligência e experiência ajudam mas não são tudo. Pelo menos não para um líder excepcional.


Qualquer pessoa em qualquer momento enfrenta dificuldades e presencia outras pessoas próximas em seus desafios. Superar os problemas é apenas parte da solução, aprender com eles é o melhor a se fazer. Essa é uma parte do desenvolvimento da habilidade de empatia.


A outra parte é conhecer as pessoas. Estudá-las. Como elas agem, pensam, falam, reagem, trabalham, descansam, aprendem, discutem, negociam. Tudo é possível de ser compreendido. Todo comportamento é uma peça do quebra-cabeça daquela pessoa.


Fiquei meio professoral agora, não é?


Não estou propondo que você saia por aí com uma prancheta anotando tudo. Minha proposta é mais simples. Observe as pessoas. Faça exercícios mentais tentando imaginar como aquela pessoa reagiria a um fato qualquer. Com o tempo vai compreender as pessoas.


Sempre fiz exercícios assim, mesmo sem saber que é um exercício típico de escritores. Tenho certeza de que esse foi um dos aspectos que ajudou muito na minha carreira como executivo, consultor e empresário.


Hoje meu caminho por entre as palavras busca compartilhar experiências boas e ruins que vivi. Lanço meus textos ao mundo, na certeza de que eles encontrarão o destino certo. Pelo retorno que recebo de muitos leitores isso tem funcionado.


Compreender as pessoas para além de nossa própria visão de mundo é uma capacidade extraordinária. A empatia permite criar laços entre as pessoas capazes de ultrapassar barreiras, preconceitos, crenças e quaisquer outras limitações.



Costumo dizer que o respeito é a condição básica da sociedade e da convivência. O respeito é a base, o fundamento, através do qual podemos conviver. Eu posso conviver com alguém que não conheço, com uma cultura que não entendo, simplesmente por respeitá-lo. Mas se eu puder compreender esse indivíduo e qual a sua visão de mundo terei condições de desenvolver a empatia por ele, estreitar laços, conviver de verdade, aprender com ele, ensiná-lo às vezes e cada vez mais respeitá-lo.


A capacidade de exercer a empatia é essencial para a liderança. Mas é muito mais que isso. A empatia cria pontes entre as pessoas e nada pode ser mais belo. Os maiores resultados são aqueles que são os melhores para todos.

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