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Descobertas e espinhos



É curioso pensar o quanto tenho aprendido com meus esforços de autoconhecimento versus o quanto aprendi no ensino formal e nas experiências da vida.


Aprendi muito nas cinco décadas em que priorizei o aprendizado externo, formal ou autodidata, teórico e experimental. Fui fundo na busca de conhecimentos e entendimentos e talvez os tenha acumulado de tal forma que hoje a minha busca por me conhecer melhor mergulhando dentro do que há em mim me permita reencontrar esses tesouros e significá-los através da visão da maturidade.


Ainda aprendo muito com autores geniais e jovens originais, graças a esse mundo incrível que nos aproxima por tantas redes e possibilidades. Mas a minha maior fonte de aprendizados continua sendo através das experiências diárias. E entre todas são as experiências adversas as que trazem maior aprendizado.


Uma pequena observação: Você não precisa ser cristão para ler meu texto, apenas respeitar a minha fé como respeito a todas. As fontes de aprendizado são muitas e vou relatar algumas experiências. Não é uma palavra de pregação, nem pretendo converter ninguém. Apenas compartilho o que aprendo. Se o caro leitor ou a prezada leitora não gostam de um autor que fale sobre a Bíblia, parem por aqui e ok, eu respeito. Mas por que não dar uma chance?



Experiências recentes me levaram a compreender com profundidade umas das passagens dos textos de Paulo que me eram mais misteriosas:


Mesmo que eu preferisse gloriar-me não seria insensato, porque estaria falando a verdade. Evito fazer isso para que ninguém pense a meu respeito mais do que em mim vê ou de mim ouve. Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte. (2 Coríntios 12:6-10)


A Bíblia tem o poder de permitir interpretações várias e corretas, por leitores diferentes ou por uma mesma pessoa em circunstâncias distintas de sua vida. Já aconteceu muitas vezes comigo.


As vezes consigo entender um trecho com base nas experiências vividas e esse texto se mostra aplicável a entendimentos diferentes ou complementares. Noutras vezes consigo entender intelectual e emocionalmente, e em algumas apenas pelo entendimento proveniente da fé.


Mas os entendimentos mais impactantes acontecem quando estou vivendo uma determinada situação, procuro a Palavra e o trecho se revela de forma quase mágica exatamente apropriado à situação daquele momento.


Por favor, não me entendam mal. Não uso a Bíblia como amuleto ou como um guia de respostas fáceis a situações complicadas. Além do estudo frequente recorro a ela quando preciso me desconectar um pouco da realidade do mundo e me conectar mais profundamente a Deus. E em algumas situações assim a Palavra se revela dessa forma.


Atravesso situações agora que combinam uma sensação de júbilo que poderia me encher de orgulho com um sentimento de desprezo absoluto, que me afeta emocionalmente de maneira profunda. A primeira sensação me eleva ao céu e a outra me joga ao pó. Simultâneas e contraditórias, me lembrando que anseio pelas alturas mas sou um ser dessa superfície.


Há algo errado nisso tudo, claro que há! Mas quem prometeu o contrário? No mundo tereis aflições, está lá na Palavra. E como as temos!


Minha fraqueza me levou novamente ao pó, mas o anseio pelo céu que há em mim me faz levantar e seguir. Sigo ainda pela superfície desse planeta dando passos rumo ao céu. Alguns podem dizer que sou tolo, que nunca ultrapassarei a lei da gravidade com meus passos incertos. Mas não é essa lei e nem nenhuma outra que se impõe em meu caminho. Sigo tentando fazer o melhor que posso sendo a melhor pessoa que consigo e é esse o caminho do mestre que me orienta, sustenta e consola.


Quando sou fraco é que sou forte. É uma das frases usadas como exemplo quando falamos que Deus fez louca todas as coisas para confundir os sábios. Por mais que aprendamos nessa vida não é a nossa racionalidade que dará sentido ao caminho proposto. A racionalidade não tira meus pés do chão rumo ao céu. Só a transcendência me permite essa ousadia.


Mas o que seria de mim sem a minha racionalidade? Por mais louco que tudo seja, entendo racional e transcendentalmente que o que me joga ao pó me fortalece, pois para me reerguer preciso da força de Deus atuando em mim.


Tive muitas quedas antes e de todas elas levantei. Mas as maiores derrotas, que me levaram mesmo ao pó, me mostraram qual é a verdadeira força que pode reerguer um homem quando ele luta através da sua fé.


A fé não evita que eu caia ao pó novamente. Repito, no mundo teremos aflições e elas são para todos, seguidores do Caminho ou não. Mas ela me traz a confiança de que me reerguerei novamente. E que isso acontecerá todas as vezes em que for preciso.


Não tenho mais medo da queda, nem me incomodo com o pó que suja as minhas roupas e me entope as narinas. Eu vou levantar de novo e de novo, quantas vezes forem, porque já não é mais por mim.





William Andreotti Jr.


Escritor, consultor, mentor e produtor de conteúdos sobre Administração, Negócios, Recursos Humanos e Carreiras. Defensor de uma visão humanizada para o mundo dos negócios e carreiras profissionais baseadas em princípios e valores. Às vezes falo sobre a vida e se você se pergunta o que isso tem a ver com trabalho, por favor releia.

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